O Facebook posta do que está cheio o coração
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O Facebook está virando um divã. Não
precisa ser especialista para fazer essa constatação. Diariamente recebo no meu
feed de notícias desabafos profundos
sobre a vida privada de algumas pessoas. Até ai tudo bem, isso apenas segue a
tendência exibicionista do ser humano, acentuada ainda mais nos brasileiros.
Temos uma necessidade de exibir nossos
corpos, nossos bens, nossas vitórias e, agora com as mídias sociais, além de
exibirmos os nossos animais domésticos, comidas e lugares favoritos, podemos
também exibir parte de nossas almas.
Comece a observar os posts em sua timeline. Tente olhar por detrás das afirmações que você perceberá
muitas vezes, frases carregadas de sentimentos profundos e dos mais diversos, do
amor ao ódio, da amizade à inimizade, da simpatia à antipatia. Parece que o
fato da exposição ser virtual e não real, gera uma coragem para revelar o que
talvez não seria revelado face a face.
Nesse divã virtual é possível verificar
todo o tipo de sentimentos e sensações: posts
com tendências suicidas, frases altamente preconceituosas, posições
profundamente facciosas, declarações narcisistas, desabafos profundamente
coléricos e raivosos, avaliações autodestrutivas... enfim, a lista vai longe.
Tem muita coisa boa no Facebook, mas o
objetivo esse texto é revelar esse outro lado preocupante que é a transformação
de uma ferramenta de entretenimento e comunicação social em um canal de
desabafos e exposição da vida privada.
Esse movimento evidencia uma necessidade
humana de compartilhar suas angústias e anseios, e como hoje vivemos em dias
cada vez mais individualistas, sofremos a falta de ombros para chorar e ouvidos
para ouvir nossos desabafos. Quando o desespero bate, recorremos ao escape mais
próximo e é nessa hora que confundimos uma ferramenta de comunicação social com
uma sessão de terapia para expor aquilo que nos aflige.
O falecido Rubem Alves já dizia: “Todo
mundo, quer fazer curso de oratória, mas ninguém quer fazer curso de
escutatória”. Falta gente para ouvir; é por isso que falamos muito para aqueles
(ou aquilo) que tem ouvidos, mas não ouve.
Parafraseando o mestre, podemos dizer
que o Facebook e outras mídias sociais postam “do que está cheio o coração”.
Dando uma olhada rápida no feed de
notícias, receio que estamos mal de coração e, principalmente, órfãos de
ouvidos amigos.
Este texto foi retirado
do site: ultimato.com.br/sites/jovem/2014/08/26/o-facebook-posta-do-que-esta-cheio-o-coracao/;
Escrito pelo Pastor Calebe Ribeiro.
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